sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O Dez Perfeito?


Uma nota de dez representa um jogo que, na avaliação do analista, é algo que tem de ser adquirido; esta é a mensagem essencial que pretendemos passar. Basicamente, é quase de certeza o jogo de mais alta qualidade que já vimos no contexto do género em que se insere, e é por isso que a Eurogamer não atribui a nota com frequência.

Mas nem todos os dez nascem iguais. Logo à partida, o leitor pode considerar que um dez dado a um rpg não é mais apelativo que um fps que recebeu um oito. A melhor opção é a de utilizar o vosso próprio gosto para avaliar se o jogo – e o seu género – é do vosso interesse. Ainda assim, se forem novatos no género, algo que recebeu um dez é um aposta extremamente segura. A mensagem é a de que não conseguem um jogo melhor deste género.
Queremos também deixar perfeitamente claro que um dez não é, e provavelmente nunca será, “o jogo perfeito”. Existe sempre algo criticável acerca de um jogo, por muito diminuta a razão.
Um dez vai inspirar o analista porque consegue tantas coisas certas. Será algo verdadeiramente inovador e estéticamente bem sucedido, aprazível de uma forma consistente, possuidor de uma dificuldade bem balanceada, tecnicamente impressionante e visivelmente “polido” - em todos os seus aspectos.
Não deixará margem para dúvida de que o jogador está a jogar algo especial do inicio ao fim. Não sendo perfeito, as suas falhas são de tal forma menores que podemos ignorá-las. Observem algo sob o microscópio durante tempo suficiente e encontrarão as suas falhas. Mas expulsavam uma super modelo da vossa cama por esta se peidar?

Nove serve muito bem

Um jogo que recebe um nove é uma compra essencial para os fãs do género, ou, pelo menos, algo que deve ser jogado. Quem procura pelos melhores jogos de um género não ficará muito mal servido com um nove; é, praticamente, uma compra sem risco. Mas é ainda uma nota que vem com algumas limitações.
Por exemplo, pode ser que apesar de ser um jogo sem falhas em muitos aspectos, se revela demasiado – ou de menos – derivativo, pode não representar um suficiente avanço no género. Talvez seja demasiado curto, talvez outros factores o estraguem - problemas nos controlos, as vozes dos personagens. Coisas que se podem aceitar, mas que retiram a sensação de “polimento”.
Apreciámos o jogo na sua totalidade. Talvez algumas secções nos tenham deixado de pé atrás, mas nada que não se aguentasse. Talvez tenha sido a familiaridade com o que o jogo nos oferece que o impediu de receber o ponto extra. Existe um certo sentimento de espanto dado por jogar algo que mereceu uma nota 10 de novo. Duas ou até mais vezes. Muitos estúdios e editoras estagnam, dentro de uma geração, e os jogos podem atingir um limite de ambição, talvez até dado pelo motor de jogo. Torna-se complicado dar mais que um nove, mesmo aos melhores jogos, se tudo o que recebemos foi uma versão melhorada de um jogo anterior.

Oito pode ser muito respeitável

Oito é aquela complicada categoria de jogos “quase brilhantes”, que, para fãs do género, merecem ser comprados, enquanto que fãs de outro tipo de jogos provavelmente também poderão apreciar e muito. Deverão ao menos tentar experimentar a demo ou pedi-lo emprestado a conhecidos mas tendo em mente que não vai necessariamente agradar a todos os que experimentarem o jogo.
Várias falhas menores e outros pormenores podem resultar nesta nota.

Sete - Não tão perto do céu

Um sete para a Eurogamer é algo que exige um olhar atento antes da compra, porque podem apostar que vários jogos muito bem cotados ao longo dos anos receberão setes. Se forem fãs do género, existe uma grande probabilidade do jogo vos agradar e muito. Um sete indica que, se vos agradar a premissa e a ideia geral do jogo, deviam tentar experimentá-lo – talvez o apreciem mais do que a principio pensaram ou possam perdoar o seu aspecto visual menos que brilhante. Talvez seja a câmara que traga o jogo todo para baixo, ou talvez a inteligência artificial não fizesse grande coisa.
Ao longo dos anos, no vernáculo dos videojogos, o sete tornou-se quase a nota para jogos “médios”, mas isto é algo sem sentido. Muitas publicações não querem dar, especialmente a jogos com grandes campanhas publicitárias, notas mais baixas que isto. Por muitos é considerada como a barreira psicológica que faz as pessoas decidirem se compram ou não um jogo. Para a Eurogamer, um sete é um bom jogo, mas que tem, provavelmente, várias falhas que trazem todo o jogo para baixo, prejudicando a sua qualidade e o entertrenimento que se pode retirar do jogo.

Seis - Diverte-te ?

Um jogo que receba a nota de seis é “bom”, e muitos dos fãs do género vão gostar dele, mas deve ser encarado com cautela. Não é bom o suficiente para que se considere comprá-lo sem primeiro investigar mas, dependendo do vosso gosto e tolerência de certos problemas, pode ser algo que não tenham vergonha de ter comprado. Seis não é uma nota desastrosa de maneira alguma – é a primeira nota no “caminho para cima” daquilo que consideramos um “bom” jogo – tinha o potencial para ser melhor, mas sofre falhas em áreas cruciais.
Mais especificamente, jogos que se mostram demasiado derivativos e de maneira alguma tão bons como os seus rivais mas, ainda assim, apraziveis pelos seus próprios méritos, receberão esta nota.
Pode ser que se trate de uma rápida sequela para maximizar o lucro, algo que é uma cópia exacta do jogo anterior com níveis novos e no entanto custa o mesmo. Isto é algo que não gostamos de ver na Eurogamer, e embora se possa argumentar que isto não se aplica a quem é novo às series, ao menos tentaremos deixar esse facto claro. Mas não pretendemos analisar os jogos isoladamente, analisamo-los no contexto da série em que estão inseridos e a forma como se comparam aos seus rivais. Talvez seja o tipo de jogo com muito potencial que acabou por ser lançado prematuramente, e tem problemas de câmera, controlos ou de cariz técnico; esse tipo de coisas. Algumas pessoas podem considerá-los diamantes em bruto, e merecerão atenção dos jogadores mais indulgentes, mas não é um jogo para todos.

Cinco – Suficientemente bom para sobreviver?

Cinco é onde realmente começam a temer pela qualidade do jogo. É a nota que diz “não compres isto a menos que tenhas de ter todos os jogos de um certo tipo”. É um jogo que tinha potencial para ser bom, mas simplesmente acabou cheio de problemas que a maioria dos jogadores simplesmente não pode tolerar. É jogável, mas é de tal forma genérico e desinspirado que nos perguntamos como foi lançado.
Um cinco não é um desastre. De facto aqueles que nunca jogaram os jogos superiores do mesmo género podem até retirar bastante divertimento dele. Em muitos casos, as notas resumem-se às expectativas dos utilizadores, mas os standards para os jogos encontram-se em areias movediças; aquilo que é inovador numa geração é o minimo alguns anos depois, e coisas que em tempos se toleraram tornam-se repentinamente muito irritantes. Podem existir várias razões para este falhanço, mas o sentimento de que podiamos fazer bem melhor, que considerar comprar um jogo que recebeu um cinco, instala-se.
Algo a esclarecer é se o cinco é a “média”. Uma escala de 1 a 10 sugere que um cinco deveria equivaler àquilo que um jogo “mediano” é. Todos sabemos que este é raramente o caso pois seria muito complicado jogar todos os títulos dentro de um género, em particular, para realmente ter uma noção exacta do que seria um jogo “mediano”. E mesmo este raciocinio falha à partida. Com cerca de mil jogos a serem lançados todos os anos, seria uma tarefa de magnitude muito superior à tornada possivel pelo tamanho da nossa equipa. Mas deveria ser cinco algo “médio”? Sim, mas não se trata de uma ciência exacta. Tentaremos sempre atribuir um cinco a jogos “medianos”, mas o mais importante a reter é que esta nota vos informa que o devem encarar com imensa cautela.

Quatro – Entrada na alçada do mau

Quando vêm um quatro em dez, sabem que o analista teve uma experiência bastante miserável e está a dizer-vos para se, cautelosamente, afastarem. Algures existirá algo que se assemelha a jogabilidade, mas é o tipo de jogo que nem emprestado se quer. Talvez tenha algumas características de monta, pode ser técnicamente aceitável com gráficos decentes e totalmente estragado pela sua jogabilidade. Se calhar é a câmera, um péssimo guião, péssimas vozes, toda uma pletora de campos que apenas podem ser denominados de maus. Mas a verdade é que muitos dos jogos que recebem esta nota acabam por vender, e muito. Portanto não existe avaliação de gosto. Se não gostam de desperdiçar dinheiro, mantenham-se bem distantes de um quatro. Existem tantos jogos melhores que podiam considerar.

Três - Para mim não, obrigado.

Agora entramos no dominio dos jogos que nos fazem desesperar, um jogo que tem tantas falhas e de tal forma graves que temos a perfeita noção que até o estúdio e a editora estão perfeitamente cientes daquilo que está mal com o jogo. Neste patamar, a maioria das companhias optam por fazer “controlo do dano” e simplesmente não disponibilizam código de análise. É por esta razão que provavelmente não vão ver muitos jogos a receber notas verdadeiramente baixas na Eurogamer. Ou isso ou existe, no momento, demasiado trabalho a ser feito para que nos preocupemos com uma porcaria destas.
Um três será, frequentemente, uma experiência severa. O tipo de jogo que muito provavelmente conseguem dizer que é mau só de olhar para ele. Imagens podem sugerir o contrário, mas ao vê-lo correr imediatamente conseguem perceber que é mau sem o terem de experimentar. Os controlos serão quase de certeza nada fiáveis, a jogabilidade será inconsistente, bugs e glitches serão evidentes, problemas de câmera, dificuldade arbitrária e uma história que incita risos cáusticos em vez de emoções. Concerteza vão desejar o vosso dinheiro de volta e vão informar todos os vossos conhecidos, que tenham interesse na indústria, para se manterem o mais afastados possivel do jogo. Ou então vão mostrá-lo, só para os divertir; ou, quem sabe, castigá-los.

Dois - Tão benévolo como a gripe

Evitar a todo o custo – tão agradável como queimar uma nota de vinte euros. Raramente vão ver jogos a receber esta nota na Eurogamer, e existe uma boa razão para isso. As editoras sabem que não devem fazer-nos chegar este tipo de jogos. Esforços que nem deviam ser lançados ao mesmo preço dos outros títulos.
Aquilo que encontram num jogo que recebe um dois, é um título com visuais simplesmente hediondos ou genéricos, construido à volta de uma premissa cretina. Design excruciante, inteligência artificial dotada de três ou quatro linhas de código e uma componente sonora inacreditável. De tão má que é, claro. Temos pena de quem compre um destes.

Um - Tragam uma arma

Apenas os jogos realmente danificados se qualificam para esta honrosa distinção. E não é preciso muita inteligência para perceber que adquirir uma destas pérolas apenas faz sentido sob o efeito de estupefacientes. Mas os jogos vendem. Tudo o que uma editora precisa é de uma licença popular e até podia meter fezes dentro de uma caixa. Um jogo que receba “um” na nossa escala tem problemas a um nível de tal forma primário que encarar o disco é o suficiente para sofrer danos cerebrais. Muito poucos jogos destes aparecem nas lojas, mas a verdade é que eles existem. Cuidado.

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